sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Review: Max Payne 3

Disponível para PlayStation 3 (versão analisada), Xbox 360 e PC.

"Eu vim devolver o seu sorriso, favela
Leve e solta pra cantar
Nunca esquecer como sua paz é bela
Dá força pra continuar"

Posing like Duke Nukem 3D.
Na minha vida gamer, já presenciei diversas coincidências que se repetiram não só uma, como várias vezes, ao ponto de se tornarem um tipo de superstições pra mim. Um exemplo são vários jogos dos quais não gosto serem da EA Games. Não tenho absolutamente nada contra a empresa, mas por coincidência, vários de seus jogos são títulos que simplesmente detesto (Brutal Legend, Batman Begins, Deathspank, Brutal Legend, alguns Need For Speed, FIFA, Brutal Legend, Battlefield, Brutal Legend...). Outro acontecimento que já me treme as canelas quando ocorre, é que quando eu sofro demais para baixar um jogo, quando dá trabalho pra eu consegui-lo, na hora de jogar acabo não gostando do mesmo, nem jogando ou deixando de lado (alguns exemplos são falta de seeds nos torrents, instalação complicada, download por partes ficar caindo ou tornar-se lento, não encontrar o jogo em site nenhum, etc). Foi assim com Dead Space 1, MotorStorm, Need For Speed Hot Pursuit, Far Cry 3, Call of Duty MW3 e por aí vai. Como eu disse, são fatos que se repetem comigo e sempre terminam na mesma conclusão, e já aconteceram tantas vezes que eu já levei pro lado da superstição mesmo, nem é mais coincidência.

A ideia de jogar Max Payne 3 veio lá em 2012 ainda, logo quando o jogo saiu. Sofri pra encontrar um torrent decente da versão de PS3 e, quando finalmente consegui baixar os 14 GB do jogo (na época eu ainda tinha aquela conexão porca que baixava a 60 KB/s por segundo) o jogo não tinha legendas em português, como todo mundo comentava. Mas beleza, jogo em inglês, tranquilo. O problema é que o jogo tem bastante cutscenes que não podem ser puladas, e encará-las em inglês, bem, vocês me conhecessem. Deu que excluí o jogo.

Tempos depois, já em 2013, no dia da manifestação política que teve aqui em Maravilha (ali na época do Gigante Acordou e tal), após a passeata eu e uns amigos combinamos de fazer uma das nossas tradicionais jantas gamers aqui em casa dali um mês, e pegar um game pra zerar. Comentaram do Max Payne 3, e nisso tive a ideia de baixar novamente o jogo. Tinha lido alguma coisa que somente as versões mais recentes de firmware (e desbloqueio) do PS3 suportam o idioma PT-BR nos jogos, e como na outra vez eu tinha o desbloqueio 3.55 era óbvio que as legendas não iam funcionar. Agora que eu tinha um desbloqueio mais recente, elas seriam reconhecidas e o game funcionaria certinho. Acabou por ficar combinado de Max Payne 3 ser o jogo da janta que estaria por vir. Os amigos até ajudaram a baixar o jogo. Chegou o dia, e a ideia não deu certo. O jogo permaneceu em inglês. Ninguém tinha saco pra ver aquelas cutscenes, então mudamos de jogo. Excluí de novo.

Um tempo se passou, chegamos em 2014, e eu acabei, não sei como, me deparando com o game de novo. Descobri, também não sei como, que a versão de PC tem um update que deixa o jogo todo legendado em português. Dessa vez eu fiquei muito empolgado pra jogar o game, pois havia testado um pouco do Max Payne 1 de PC que um amigo meu me passou no final do ano anterior, e havia gostado muito. Feito isso, baixei Max Payne 3 pra PC, baixei o update, fiz o demônio pra instalar o jogo e fazê-lo rodar (não é só abrir com o DAEMON Tools e mandar ver, tem todo um lance de substituir arquivos de pastas, desligar o Wi-Fi/cabo de rede quando for jogar, etc.), comprei o controle de Xbox 360 pra Windows (porque eu sabia que ia acabar largando o jogo se tivesse que jogar no teclado, assim como fiz com o primeiro) e comecei a jogar. E espantosamente, fugindo totalmente da regra, eu simplesmente adorei o jogo. Fiz meu notebook dar umas boas esquentadas pra conseguir rodar o jogo no Alto, meio lagado, mas fui até o fim e terminei o jogo ali mesmo.

Agora, descobri que o tal update que contém a tradução saiu sim pros consoles, um pouco depois do lançamento do jogo. Ou seja, dava pra ter jogado traduzido lá na janta. Precisava era do update, não tinha nada a ver com minha versão de firmware. Se não é de se dar um tiro? Enfim, baixei o game pro PS3 pra poder jogar sem lag (os gráficos no Alto no notebook custaram uns FPS do gameplay). Estou rejogando o título à fim de ver o seu outro final, pois o game tem dois finais. E não só por isso, mas porque Max Payne 3 é bom demais de jogar, sem dúvida um dos melhores games que joguei na vida.

O JOGO


Max Payne é mais uma daquelas franquias às quais farei um review do game em questão sem comparar com os títulos anteriores devido ao fato de eu não conhecê-los o suficiente. Foi assim com Rayman Origins também. Só joguei um pouco do Max Payne 1 e nem faço ideia de como seja o 2, apenas sei um pouco sobre eles do que li por aí. Pra quem for jogar, se não tiver jogado os anteriores antes não faz mal, o enredo do 3 é perfeitamente compreensível por si só, ele não costura muito com os de seus predecessores.

O protagonista xará do título, um ex-policial americano de sucesso que ao ter suas lindas mulher e filha mortas no primeiro jogo saiu do controle e cometeu muitas burradas like a Frank Castle, mudou-se para São Paulo na intenção de buscar uma nova vida (maiores informações sobre isso vão sendo dadas ao longo da campanha). Max, que sempre foi viciado em analgésicos (que por sua vez são os itens que restauram a vida do personagem) agora também é alcoólatra, e com frequência veremos ele se afogando na bebida ao longo do game. Está num estado de decadência o qual ele mesmo despreza, trabalhando como guarda-costas de socialites compostas por pessoas vazias e morando num apartamento que mais parece um chiqueiro, além de não ter sua cabeça funcionando corretamente em decorrência do consumo excessivo de álcool. Parece que a nova vida almejada pelo personagem não é muito diferente da que ele estava levando. O game começa mostrando mais um dia comum de trabalho, onde ele está à serviço da família Branco, magnatas [fictícios] da cidade de São Paulo para os quais ele vem trabalhando já a algum tempo. É uma festa no terraço de um condomínio de luxo, algo comum e que faz parte da rotina desse tipo de gente. Eis que bandidos invadem a festa e começam a metralhar todo mundo, e cabe a Max proteger seu contratante e sua família, composta por uma mulher tapada (aquelas ricas cujo cérebro é do tamanho de uma ervilha) e seus filhos que parecem ter a mesma idade da mulher (provavelmente provenientes de um casamento anterior) cujos quais a mentalidade não fica muito atrás. Ao fim do tiro-teio, os bandidos tentam sequestrar um dos Branco, mas Max os impede a tempo. Ao longo do jogo, a história irá ampliar e se desenvolver, implementando vários inimigos diferentes, que vão desde favelados a milícias de paramilitares.


Inicialmente, achei que os personagens do game não eram bem construídos e muito menos carismáticos, com exceção do protagonista. Agora, mudo minha opinião. Quanto ao carisma, de fato não são mesmo, mas a construção de sua personalidade é muito bem trabalhada e realista, retratando exatamente como essa gente vazia que caga dinheiro pensa e se comporta, desde as atitudes dos mais novos, que não enxergam perigo em nada e só querem usar drogas e torrar grana, até os mais velhos que pensam que o dinheiro pode comprar tudo, inclusive a vida. Max Payne não é um Batman que precisa ter seu Robin, seu Alfred e seu Coringa para funcionar, ele está mais para um Justiceiro, que está sozinho ao lado e contra gente corrupta e suja. Muitas pessoas vão passar pelo caminho de Max ao longo da história, seja para ajudar ou para atrapalhar, mas no fim das contas ele terá que resolver tudo por conta própria.


Para que a história se desenrole, o jogo possui bastante custcenes. Os loadings do game são feitos durante as cutscenes, por isso na maioria das vezes não é possível pulá-las ou então só dá pra pulá-las no final. A história do jogo é muito boa e você não não vai se importar em ver as cutscenes na primeira vez que for jogar ou então quando for rejogar depois de muito tempo que não joga. Mas se você jogar o game com frequência, ter que reassistí-las é um pouco massante. Mas isso é um ponto negativo que pode ser desconsiderado, se observado o fato de que a história do game é interessante e vai te dar vontade de assistir aos vídeos, e segundo porque nem todo mundo vai ficar rejogando o jogo. Claro, recomendo jogar o game todo legendado em português, pois as cutscenes são meio frequentes, e se toda vez você tiver que ficar traduzindo, aí vai estressar mesmo.


Talvez vocês fiquem com um pé atrás com esse jogo por eu estar falando que as cutscenes são frequentes, mas pensem bem: se eu, Willi, um cara que ODEIA ficar lendo diálogos em jogos, que não suporta ter que interromper um gameplay pra ver filminho, não estou reclamando, então significa que a coisa é boa! As cutscenes valem a pena mesmo, não são como aquelas merdas dos jogos dos Transformers que interrompem a ação pra mostrar 5 segundinhos de qualquer merda que poderia acontecer perfeitamente sem interromper o gameplay, as de Max Payne são muito bem feitas. Não só pelas cenas fodásticas, como também pela narrativa, que é feita em primeira pessoa. Ao mesmo tempo em que os personagens interagem e dialogam, Max vai comentando o que ele sentia, o que ele pensava naquele momento, uma característica da série. “Eu ainda estava vivo e comecei a achar que minha sorte uma hora acabaria, mas logo percebi que ela já havia se esgotado há muito tempo e é por isso que eu estava naquela situação." Junto disso, existe um grande quê de poesia no game, onde o personagem transmite pensamentos e reflexões muito melhores e mais profundos do que esses vazios dos livros de poesia da escola que não dizem nada com nada. É realmente uma ótima experiência jogar Max Payne prestando atenção na história e nos pontos de vista do protagonista-narrador-personagem, que em contrapartida à sua vida de merda, tem uma mentalidade estupenda. Uma das frases que me marcou bastante no game foi: “Da forma como vejo, existem dois tipos de pessoas. As que passam suas vidas tentando construir um futuro e aquelas que passam suas vidas tentando reconstruir o passado. Há muito tempo, estou preso entre ambos. O que eu estava de fato fazendo ali?”


O jogo é de tiro em terceira pessoa, gênero no qual eu simplesmente viciei nessa geração. Aqui quero dar um parecer. Geralmente, num determinado gênero de jogo, a maioria dos títulos desse gênero possuem os mesmos comandos. E quando um game resolve adotar comandos diferentes, muitas vezes essas mudanças não são bem recebidas, pelo fato dos jogadores se atrapalharem com o esquema de botões diferente. É o caso do Killzone 3, jogo que baixei há poucos dias e estarei jogando em breve. O comando "abaixar", que nos FPSs costuma ser no botão Bolinha, em Killzone é no L2. Se atrapalhar mais, impossível. É uma mudança muito drástica. O mesmo foi com Red Dead Redemption, onde o cover, que é de praxe no Quadrado, ali é no R1. PORRA! Mas tem casos em que algumas mudanças caem muito bem, e quando você joga um game que utiliza o padrão convencional, você se dá conta de que já tinha se acostumado com aquela mudança e que ela inclusive é melhor que o padrão. Um exemplo é BioShock Infinite. O tiro costuma ser no R1 e o zoom da mira no L1, na maioria dos jogos. Mas em Infinite, o zoom foi pro R3, em função do L1 estar ocupado com as magias do personagem (pelo fato de cada Rs e Ls do controle corresponderem ao respectivo braço do personagem). Foi difícil se acostumar no começo, mas depois vi que era muito bom jogar daquele jeito, e até estranhei voltar a usar o L1 em FPSs depois. No caso de Max Payne 3, a grande mudança que observei foi recarregar no Bolinha. O reload das armas costuma ser no Quadrado em FPSs e num dos botões de ombro nos TPSs, e a bolinha fica pro cover. Eles só inverteram: deixaram a Bolinha pro reload e o Quadrado pro cover. Parece ser besteira fazer um parágrafo só pra relatar isso, mas vocês não tem noção de como essa pequena mudança é significativa! Fui jogar Army of Two e até me atrapalhei com os comandos padrão do gênero, o esquema do Max Payne 3 é muito melhor. Detalhes que só acrescentam ao jogo.


Agora falando da jogabilidade em si, Max Payne 3 é um game bem simples de se jogar. O jogo não é fácil, os comandos sim. Dificilmente você vai se atrapalhar com os botões. Cada um faz somente uma coisa, não tem função secundária, e desse jeito tudo funciona melhor. X/A quando mantido pressionado corre, Quadrado/X é o Cover, Bolinha/B é o botão de recarregar a arma, Triângulo/Y é exclusivo para ajuntar armas do chão ou interagir com elementos do cenário. O analógico esquerdo move, o direito controla a câmera. R2/RT atira, L2/LT dá zoom. R1/RB usa o salto com Bullet Time, L1/LB mantido pressionado abre a roda de armas para que, utilizando o analógico direio, seja selecionada uma arma. O direcional de cima usa os analgésicos, os da esqueda e direita alteram o lado da câmera (outra grande mudança, MUITO melhor que fazer isso pressionando os analógicos), o de baixo larga a arma longa, L3/LS agacha e R3/RS usa o Bullet Time parado. Não citei os comandos do teclado pois, como não joguei nessa opção, não sei quais são. Ah, e nos consoles ou no PC jogando com controle é possível inverter as funções dos botões de ombro e gatilhos. No controle de PS3 eu prefiro inverter, acho ruim mirar e atirar com L2/R2. Já no controle do Xbox, é muito melhor manter o padrão e deixar os gatilhos como mira e tiro.


Se os comandos são intuitivos e fáceis de pegar, o game em si oferece um bom desafio, algo que está em falta nos jogos de hoje em dia. Prepare-se para morrer várias vezes, pois os inimigos metralham Max sem dó nem piedade. A inteligência artificial deles é ótima, eles tentam flanquear, te surpreendem saindo de portas aleatórias e dando de cara com você, se dispersam, etc. Muitas vezes o lugar em que você dá cover é destruído, e você tem que correr para outro em meio ao tiro-teio. Algo que gosto muito em Max Payne e que faz o desafio aumentar é o fato do personagem ter um medidor de vida. Falar isso há 20 anos atrás seria uma bobagem completa, pois todos os jogos da época tinham um personagem "mortal". Mas nos games da atualidade, bastam alguns segundos sem se machucar para que o personagem volte com força total. Isso nunca foi uma característica da série Max Payne, e não foi nada menos que mantida no terceiro título.


O jogo é linear, sendo dividido em capítulos, cada um deles no caso é uma fase. E ah, nessa época da febre do mundo aberto, como é bom encontrar um jogo de fases! Todas são bem lineares, com um caminho único a seguir, sem muita exploração. Diferente do Max Payne 1 (não sei como o 2 funciona) onde você tinha que ir e voltar para liberar portas e tal, no 3 basta seguir em diante, passando pelos exércitos de inimigos. Vez ou outra é preciso pressionar um botão em algum painel, mas este está sempre à vista. O jogo é focado no tiro-teio mesmo. Aí você me pergunta: "Mas não é enjoativo?" E eu te respondo: Nem um pouco. Max Payne 3 consegue fazer com maestria o que os jogos dos 8 e 16 bits faziam de melhor: te colocar em um tipo de desafio diferente a cada fase, enquanto que você sempre faz a mesma coisa. No Mario, corremos e pulamos o jogo inteiro. Mas há situações diversas a cada mundo, por exemplo. Em Max Payne não é diferente: O jogo consiste em mirar, atirar, dar cover. Isso, uma hora com um sniper mirando em você, noutra com nego te tacando coquetel molotov, em outra tendo que proteger alguém, enfim. Cada trecho tem sua característica, que não te deixa enjoar do jogo. Eu acho isso simplesmente maravilhoso. Muitos jogos hoje em dia se perdem querendo ter tudo, combate, puzzle, exploração... na esperança de aumentar o gameplay e o replay. Mas esses jogos que só têm uma coisa e a exploram direito é que fazem o serviço bem feito, e te estimulam e jogar mais e a jogar de novo. Não sei como é pra vocês, mas pra mim um jogo de "uma coisa" é muito mais atrativo para rejogar do que um "jogo de tudo".


Apesar das fases apresentarem um caminho único, são bem carregadas de objetos, paredes, salinhas no caso dos ambientes internos... e se você procurar bem, encontrará peças de armas douradas. Cada arma dourada possui ao total três peças, juntando as três, sempre que você pegar a arma correspondente, ela virá na forma dourada, que causa mais dano aos inimigos. Conseguindo todas, é possível jogar com munição infinita. Ah, e falando nas armas, Payne pode carregar até três armas, sendo duas pequenas e uma longa. Aqui vemos como o pessoal da produção deu atenção aos detalhes: Se Max tem uma arma longa mas não a está usando, ele usa outra que possuir e segura a arma longa com a mão livre. É muito legal, se comparado a outros games onde a arma de sobra simplesmente "flutua" nas costas do personagem. Max também pode usar as duas armas curtas ao mesmo tempo, mas aí soltará a longa. Parece simples, mas não vi outro game ter pensado nisso antes.


O Bullet Time, marca registrada da série, também foi melhorado. Trata-se de uma técnica onde tudo fica em câmera lenta, permitindo que Max tenha mais tempo para acabar com inimigos dispersados ou então muito próximos (pois nesse jogo você morre rápido se os caras ficarem atirando de muito perto). Nos games anteriores, o Bullet Time era feito através de um salto que Max dava. Sério, eu odiava isso. Quando joguei Max Payne 1, nem usei isso, eu só morria quando tentava usar. E no 3 foi a mesma coisa, só usei uma vez. Só que agora, é possível utilizar essa técnica parado. É perfeito! Mais fácil de mirar, sem se expôr tanto, funciona muito melhor. Geralmente eu ligo, saio do cover, atiro em vários, volto pro cover e desligo. Só usei esse Bullet Time durante o jogo, o do salto continuo achando uma merda. Mas há um limite para fazê-lo, exibido por uma barra vertical ao lado do medidor de vida. Ao ligar, ela vai gastando. Você pode desligar para economizar, como eu faço, não precisa esperar acabar. Ela se recarrega lentamente com o tempo, ou mais rápido ao matar inimigos sem usar o Bullet Time. Ah, e matar os inimigos é outra coisa que pode te matar no jogo. Procure sempre fazer headshots. Aqui, até os inimigos sem camisa parecem usar coletes à prova de balas, e com isso você leva muito tempo para matá-los, sendo atingido durante o processo, e podendo ser cercado ou morto. A munição também não é à lá Call of Duty, portanto use com moderação.


A ambientação do game é magnífica. Você jogará tanto em São Paulo, no presente, como em Nova Jersey, durante alguns flashbacks de Max. Os cenários em Jersey seguem o estilo noir do Max Payne 1, já São Paulo adota uma temática mais clara, viva. A capital paulista está muito bem representada. A equipe da Rockstar fez um tour pela cidade antes de recriá-la no game, observando aspectos importantes. Isso foi bastante legal. Temos uma fase num estádio de futebol (de um time fictício, como muitos bandidos usam camisa de time, nenhum clube quis emprestar sua imagem ao game por razões óbvias), outra numa boate de luxo, entre tantas outras, com destaque à que mais gosto: a favela. Sério, a fase da favela é muito bem feita. Desde os diálogos dos locais, as "construções", tudo. Destaque para as músicas do Emicida que ilustram essa fase do game, assim como a Bossa Nova e o Samba pintam em outras ocasiões. Inclusive, Emicida compôs a música 9 ciclos especialmente para o jogo. Além desta, Sorriso Favela, da qual coloquei um trecho da letra lá no início do texto, é outra composição do artista que dá as caras no game. Outro detalhe bem observado é o idioma falado. Os personagens americanos falam inglês, e os brasileiros, português. E alguns, os dois. Você verá muitas vezes um bilíngue dizendo coisas como "Excuse me, Senhor Branco" ou "Boa noite my brother, how's it going?". Sério, é muito foda. Ah, palavrões aparecem com frequencia também.


A parte técnica do game é bem feita, porém deixa um pouco a desejar em alguns momentos. Os gráficos na maior parte do tempo são lindos, porém, quando Max encontra uma pista de algo e a câmera dá um close na parede ou no chão, vemos texturas horrendas que parecem estar renderizando, mas que na verdade são assim mesmo. Em suma, os gráficos do jogo são muito bonitos nos consoles, e no PC, para aqueles que puderem jogar no High, o jogo parece de PS4. No Very High então, imagino o orgasmo que deve ser. Notei também que na versão de PC os loadings são mais curtos. Max Payne sempre foi dos PCs na verdade, as versões dos consoles sempre tiveram uns probleminhas. Quanto ao som, algumas vezes o áudio das cutscenes atrasa um pouco, mas isso é um problema corriqueiro de diversos games desta geração. In-game, tudo funciona muito bem. Destaque para as músicas do jogo. Sempre comento que os games antigos tinham músicas memoráveis, e os atuais utilizam de uma trilha sonora padrão que serve apenas para ilustrar o clima da situação. Max Payne 3, por mais incrível que possa parecer, consegue que suas músicas façam as duas coisas. É uma melodia que evidencia a situação do momento, mas ao mesmo tempo tem seu "Estilo Max Payne", assim como tem o estilo Mario ou o estilo Donkey Kong. A da tela de "Pressione Start" não sai da minha cabeça desde a primeira vez que joguei o game.


THE END

Prós: Jogabilidade bem trabalhada, de proposta simples e que diverte bastante. Gráficos bonitos, dificuldade equilibrada e desafiadora nos momentos certos.
Contras: As legendas em português poderiam vir de fábrica e não obtidas através de atualização, ainda mais por se tratar de um game que se passa no Brasil.
Considerações finais: Um game muito bem feito, muito bem trabalhado, que deu atenção aos detalhes, e criou toda uma ambientação e atmosfera que resultaram num conjunto de obra perfeito. Os personagens, a ambientação, os personagens com a ambientação, a ambientação com as músicas e com as fases, as fases com a jogabilidade, a jogabilidade com o gameplay, o gameplay com a ambientação... tudo combina em Max Payne 3. Um jogasso que não se deve deixar passar. Recomendado!


Review originalmente postada no fórum The Triforce Alliance em 13 de Abril de 2014.

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